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terça-feira, 18 de maio de 2010

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Você é criativo?


Provamos por a+b que você já nasceu criativo

Será a capacidade de criar um dom inato? Se for, e você não o tiver, está condenado a morrer assim? Se você acredita nisso, prepare-se para mudar de paradigma!

Para saber se alguém é criativo, precisamos antes ter clareza sobre o que é criatividade. Veja algumas definições, coletadas em livros diversos:

  • Capacidade de elaborar teorias científicas, inventar instrumentos e/ou aparelhos, ou produzir obras de arte;

  • A capacidade de produzir coisas novas e valiosas;

  • A capacidade de desestruturar a realidade e reestruturá-la de outras maneiras;

  • O ato de unir duas coisas que nunca haviam estado unidas e tirar daí uma terceira coisa;

  • Uma técnica de resolver problemas;

  • Uma capacidade inata que é bloqueada por influências culturais e ambientais.

Aqui adotamos uma definição diferente e subjetiva de criatividade: uma pessoa cria quando concebe em sua mente algo que nunca viu, ouviu ou sentiu antes. Essa definição ignora o fato de a criação ser útil ou não para algum propósito ou para resolver algum problema. Mas é importante distinguir esses dois tipos de criatividade; ao primeiro chamamos criatividade pura, e ao segundo, criatividade aplicada.

A criatividade pura é um ato mental, que consiste em última análise da capacidade de combinar sons e imagens de forma subjetivamente nova, independentemente de qualquer conexão lógica com o mundo exterior. Essa definição de criatividade desloca os aspectos novidade e originalidade, beleza, utilidade, veracidade, viabilidade e implementação para um segundo momento; criar é um ato pessoal e subjetivo, a criatividade pura vem antes da aplicada. Criações não têm necessariamente que servir para alguma coisa, como solucionar um problema, dar retorno financeiro, serem maravilhosas e belas, nada disso.

Assim, se você imagina sua cabeça fora do corpo, e o faz de uma forma que nunca fez antes (não é uma lembrança), você está criando. Estará também criando nas seguintes situações:

  • Combinar letras para inventar uma palavra;

  • Combinar duas ou mais imagens para formar uma nova (imagine um jacaré comendo um tomate);

  • Segmentar uma imagem em formas novas ou de uma forma nova (imagine um triângulo azul e separe-o em lados e interior);

  • Distorcer uma imagem (imagine seus olhos inchando e saindo das órbitas oculares);

  • Ver uma imagem sob outra perspectiva, um diferente "ângulo de câmera" (veja seus olhos inchando de frente e depois de lado);

  • Combinar algumas notas musicais para formar uma melodia nunca antes ouvida;

  • Combinar palavras para formar uma nova frase.

  • Imaginar a si mesmo executando comportamentos novos.

Já a criatividade aplicada consiste tipicamente em elaborar operações que conduzem de uma situação a outra, seja de uma situação-problema para uma solução ou, mais genericamente, elaborar comportamentos que modificam uma situação percebida para uma desejada. A criatividade aplicada em geral está associada à observação de regras, padrões e limites, como:

  • construir frases com significado e estrutura (sintaxe);

  • construir melodias harmônicas e rítmicas;

  • observar preferências pessoais (gostos, combinações).

  • observar valores éticos e morais;

  • seguir estilos (no caso de imagens, impressionista, realista);

  • usar recursos disponíveis.


Podemos concluir que, uma vez que todos nós, humanos, temos a capacidade de processar imagens e sons de formas variadas na mente, todos nós temos a capacidade da criatividade pura. Você é criativo por definição, por construção. E quanto às criatividades aplicadas, temos aquelas para as quais nos preparamos, em termos de conhecimentos e habilidades. Um exemplo de criatividade aplicada muito desenvolvida na nossa cultura é a lingüística; todos praticamos desde criancinhas a combinação de palavras, usando regras, para atingir objetivos do tipo comunicar idéias e influenciar pessoas para conseguir o que queremos.

Sendo potencialmente criativos, talvez as únicas coisas que nos impeçam de criar mais sejam não acreditar nessa possibilidade ou simplesmente não ter um motivo para fazer isso. Ou desejo.

Virgílio Vasconcelos Vilela

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